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Amor

Breves notas sobre a poesia de Manuel Resende VIII

E se o mundo é isto, «tanta gente a passar aos poucos», o que sobra? O amor? Mas «qual amor»? O amor aos fins-de-semana e feriados? O amor depois do trabalho, dos transportes, das filas no supermercado, do jantar, do telejornal, da louça lavada e posta a secar, da cama gelada e por fazer, da marmita para o dia seguinte? O amor dos «heróis do lar, humilhados e mal queridos»? Este é o amor que nos foi dado viver: o amor que avança «em seu ritmo por inércia».

não digas nada nada est - 
amos cansados subimos e descemos
vivemos melhor e pior bem e mal bem e mal
cala-te agora um pouco um pouco
dá-me um cigarro e apaga a luz
fala mais devagar
não há dinheiro não há direito não há
ar des abrido s u focado s ó
só podemos amar das dez à meia-noite
(Qual Amor?)

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