Noite alta. Marie chega a um “hotel manhoso” (a expressão é de Truffaut) e é recebida pela “patroa”. Tudo acontece no silêncio, quase sem palavras, como num sonho. A “patroa” acompanha Marie ao longo de uma interminável escada em caracol. A ascensão arrasta-se numa demorada e lenta sequência, degrau após degrau, um andar após outro. Dir-se-ia que Jacques Becker exige que subamos a escadaria com Marie, que sintamos o mesmo esforço, a mesma angústia. A subida termina num quarto escuro, iluminado por uma simples vela e uma janela. A janela abre para uma praça onde está instalada uma guilhotina.
À primeira luz da manhã, o carpinteiro Manda, condenado à morte pelo crime de ter amado demasiado Marie, é conduzido ao patíbulo. Os guardas amarram o corpo a uma prancha de madeira, que ele mesmo podia ter feito com as suas mãos, e colocam-no em posição. A lâmina desce, como um relâmpago, sobre o pescoço do condenado. O movimento veloz da lâmina é inversamente proporcional ao da lenta subida de Marie pela escadaria do hotel.
Podia ser fade out para negro, mas não. Becker ainda mostra um plano derradeiro do rosto de Marie, como uma máscara da tragédia, enquadrada na moldura da janela.
À primeira luz da manhã, o carpinteiro Manda, condenado à morte pelo crime de ter amado demasiado Marie, é conduzido ao patíbulo. Os guardas amarram o corpo a uma prancha de madeira, que ele mesmo podia ter feito com as suas mãos, e colocam-no em posição. A lâmina desce, como um relâmpago, sobre o pescoço do condenado. O movimento veloz da lâmina é inversamente proporcional ao da lenta subida de Marie pela escadaria do hotel.
Podia ser fade out para negro, mas não. Becker ainda mostra um plano derradeiro do rosto de Marie, como uma máscara da tragédia, enquadrada na moldura da janela.
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