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Três ou quatro imagens

No meio da pista do velho aeroporto, de uma fenda no alcatrão, nasceu um frondoso arbusto. Floresce em Abril e dá uns frutos pequenos e muito vermelhos em Junho.

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O Aeroporto de Tempelhof, no coração de Berlim, desactivado em 2008, está dividido em duas partes: o exterior é agora um imenso parque de lazer e o interior foi convertido num abrigo para refugiados. As duas zonas estão separadas por um gradeamento. Dir-se-ia um muro a dividir Berlim.



Durante o dia, os berlinenses ocupam as velhas pistas de aterragem do aeroporto e entregam-se a toda a espécie de distracções: correm, andam de bicicleta, brincam com os filhos, fazem piqueniques, passeiam os cães. Os cães não podem andar no parque sem trela. À noite, quando todos regressam a casa, entre as ervas que rodeiam as pistas, aparecem esquivas raposas. As raposas de Tempelhof fogem quando avistam um carro patrulha da polícia.
Raposas livres no coração de Berlim e cães presos pela trela. No filme de Karim Aïnouz quem são as raposas e quem são os cães?



Um velho avião americano está parado junto ao edifício central do aeroporto, exposto como uma peça de museu. As asas brilham sob o sol e a neve, mas há muito que o aparelho não voa. Para os refugiados, não é uma ameaça: o avião não pode transportá-los de volta para os países de onde fugiram. Mas também não pode conduzi-los para um lugar melhor.

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A cidade de Berlim, com a Berliner Fernsehturm, está sempre na linha do horizonte. Os refugiados vêem-na todos os dias, a todas as horas, talvez sonhem com ela. A câmara, no entanto, nunca abandona o aeroporto. A cidade, real, palpável, concreta, não passa de uma miragem.

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