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8-11-82
(Para substituir o exemplar de há mais de 30 anos — talvez 1.ª ed. — de que agora dei pela falta.)
Dedicatória na primeira página de Três poetas da própria existência, de Stefan Zweig, livro que encontrei, entre bibelôs de porcelana, sapatos de senhora e calças de ganga usadas, na Feira da Vandoma. A dedicatória, dirigida a si mesmo pelo antigo proprietário, está escrita numa letra delicada e perfeitamente legível. A única coisa que não consigo perceber é o nome.
Tenho muitos livros comprados em feiras de usados e alfarrabistas, com toda a espécie de dedicatórias, frases sublinhadas e notas, escritas por leitores que nunca conheci e de quem nada sei. Leitores que, na sua maioria, já não fazem parte deste mundo, mas cujas marcas persistem nas minhas leituras e, por isso, na minha vida.
Dir-se-ia uma outra literatura que avança em paralelo com a das páginas impressas. Em que lugares, em que circunstâncias, a que horas do dia e da noite todos estes leitores mergulharam nos livros que agora estão comigo? Que Zweig é este que foi comprado em 1982 para substituir um outro dos anos 50, que desapareceu (talvez emprestado, talvez perdido numa viagem, talvez escondido atrás de um móvel, talvez roubado por outro leitor; onde estará ele?), e que eu comprei por uma quantia irrisória na Vandoma? O que é que este livro sabe que eu jamais saberei? Que leitores encontrará ele depois de mim?
Comentários
Atentamente e na perspectiva de nos vermos em breve, por via do Manuel Resende, do qual possuo um poema manuscrito inédito de princípios da década de 60, que terei muito gosto em lhe mostrar para o trabalho que, segundo me constou por via do Àlvaro Magalhães, tem agora em mãos.
Antonio Sabler
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