Em rigor e ao contrário do que apregoa, o mercado é preguiçoso e não se ajusta aos nossos desejos mais profundos. Há por aí tantos dispositivos tecnológicos que não servem para nada e outros, que nos fazem uma falta tremenda, ainda não existem. Neste momento — posso afirmá-lo com absoluta certeza — é urgente a invenção de um detector de arte contemporânea.
Já pensei no assunto e tenho uma ideia para o protótipo: deve ser um objecto portátil e discreto feito de material nobre (titánio ou zircónio são boas hipóteses), com um olho a meio como os ciclopes e um rasgão por onde sai uma tira de papel, semelhante às mensagens dos bolinhos de sorte chineses, com o veredicto.
O procedimento é fácil.
Exemplo um: vamos pela rua fora, encontramos um volume indefinido debaixo duma arcada, apontamos o detector e, se for uma obra de arte, paramos para observar e tecer alguns comentários elevados. Se for um tipo que está para ali a dormir, “é a vida” e seguimos caminho.
Exemplo dois: deparamos com uma esfregona e um balde num vão de um museu, apontamos o detector e, se for um esquecimento da empregada de limpeza, rimo-nos com displicência (“ah, pensavam que nos enganavam com esta estratégia gasta”). Se for uma obra de arte, ficamos sérios durante um bocado a remoer qualquer coisa, depois também podemos rir — mas um riso totalmente diferente.
Já pensei no assunto e tenho uma ideia para o protótipo: deve ser um objecto portátil e discreto feito de material nobre (titánio ou zircónio são boas hipóteses), com um olho a meio como os ciclopes e um rasgão por onde sai uma tira de papel, semelhante às mensagens dos bolinhos de sorte chineses, com o veredicto.
O procedimento é fácil.
Exemplo um: vamos pela rua fora, encontramos um volume indefinido debaixo duma arcada, apontamos o detector e, se for uma obra de arte, paramos para observar e tecer alguns comentários elevados. Se for um tipo que está para ali a dormir, “é a vida” e seguimos caminho.
Exemplo dois: deparamos com uma esfregona e um balde num vão de um museu, apontamos o detector e, se for um esquecimento da empregada de limpeza, rimo-nos com displicência (“ah, pensavam que nos enganavam com esta estratégia gasta”). Se for uma obra de arte, ficamos sérios durante um bocado a remoer qualquer coisa, depois também podemos rir — mas um riso totalmente diferente.
Comentários
~CC~