Manhã de sábado cheia de sol. Decidimos caminhar até à Baixa e ler numa esplanada. Escolhemos uma mesa debaixo da oliveira, na esplanada do Aduela. A oliveira está a rebentar de pequenas flores de um amarelo esverdeado. Milhões de flores minúsculas que tombam a cada sopro de ar. O cabelo e a roupa cobrem-se de flores. Algumas caem sobre as páginas do livro. Escondem letras, sílabas, transformam-se em misteriosos sinais de pontuação. Sacudo-as uma e outra vez para prosseguir a leitura. Depois, desisto. A oliveira insiste em usar as páginas do meu livro para escrever a sua própria história. E que espécie de leitor se negaria a ler a secreta história da oliveira?
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral
Comentários