Há uns dias, entalei numa porta o dedo médio da mão esquerda. Sob a unha, há agora uma mancha negra de sangue pisado. De vez em quando, a mancha irrompe inesperadamente entre as páginas de um livro, sobre as teclas do computador, num copo com água, no gomo da laranja, no pão e no queijo sobre a mesa. É o meu dedo, mas por instantes não o reconheço. Não é meu. Como uma parte rasurada da minha mão. Ou uma gorda gralha num texto muito amado e impossível de corrigir.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral
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