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Maçãs

Acabei de tirar algumas maçãs de um saco de papel onde ficaram muito tempo. Tive de cortar metade de muitas delas e atirá-las fora. Mais tarde, quando estava a copiar uma frase que tinha escrito, cuja segunda metade era má, vi-a de repente como uma metade apodrecida de maçã. E é este o modo como as coisas se passam sempre comigo. Tudo o que comigo se cruza torna-se para mim uma imagem do que estou a pensar na altura. (Haverá algo de feminino nesta maneira de pensar?)

Ludwig Wittgenstein, Cultura e Valor, tradução de Jorge Mendes, Edições 70.

Comentários

Emanuel Madalena disse…
Sempre que leio uma das suas citações de Wittgenstein, e esta em particular, pergunto-me se conhece o meu livro de poesia "Sob a forma do silêncio", que é em grande parte sobre (ou a partir de) Wittgenstein. Se achar que lhe poderá interessar, terei todo o gosto em enviar-lhe um exemplar. Não imagino melhor leitora para o livro. Cumprimentos
c disse…
Emanuel, não conheço o seu livro. Devolvo a condição: se acha que poderia ser uma boa leitora, gostava de o ler.


Nota: o modo como trato Wittgenstein não é lá muito sério, faço-o para me divertir.