O homem e eu, enclausurados dentro dos limites da nossa inteligência como amiúde um lago dentro de uma cintura de ilhas de coral, em lugar de unirmos as nossas forças respectivas para nos defendermos contra o acaso e o infortúnio, afastamo-nos, estremecendo de ódio, optando por duas estradas opostas, como se nos tivéssemos ferido reciprocamente com a ponta de uma adaga! Dir-se-ia que cada um compreende o desprezo que inspira ao outro: empurrados pelo móbil de uma dignidade relativa, esforçamo-nos por não induzir em erro o nosso adversário – cada um fica do seu lado e não ignora que a paz proclamada seria impossível de manter. Pois bem, seja!
Isidore Ducasse, Cantos de Maldoror: Canto IV, Estrofe I. Tradução de Regina Guimarães. Em breve, numa edição FLOP.
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