Acontece-me muitas vezes, ao traduzir os textos de Cioran, encontrar palavras francesas que já não se usam. De certeza que as apanhou nos livros antigos (imensos e variados).
(Aparte) Aqui convém destacar que a principal actividade intelectual de Cioran é — não o podemos esquecer — ler. Escrever é importante, é verdade, mas vem a seguir, como a consequência num exercício de lógica. Para Cioran, ler é quase uma actividade orgânica como respirar, uma força vital como pensar.
(Continuando) Isto vem a propósito de uma das entradas do seu diário sobre lágrimas. No fim do parágrafo, Cioran escreveu: Sans quoi, je serais au cabanon.
É preciso recuar uns anos, uns séculos, para perceber o que Cioran quer dizer. Recuperar esse sentido de manicómio e depois escavar até chegarmos à Casa Amarela. Quando estabelecemos essa ligação dinâmica, o nível de serotonina sobe espontaneamente. É uma alegria.
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