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Belo universo maldito

Encontrei a versão espanhola do Caderno de Talamanca, um livrinho menor de Cioran, uma espécie de diário de férias de verão. É tão estranho — mas também tão apetecível — imaginar Cioran ao sol em Ibiza. Não preciso de mais nada, passei-o à frente dos Cadernos de Paris. 

Ibiza, 31 de julho de 1966. 
Esta noite, completamente acordado por volta das três. Impossível ficar mais tempo na cama. Fui dar um passeio à beira-mar, levado pelos pensamentos mais sombrios. E se me atirasse do alto do penhasco? Vim para aqui pelo sol e não suporto o sol. Estão todos morenos, mas eu tenho de ficar branco, pálido. Enquanto me entregava a todo o tipo de reflexões amargas, olhei para estes pinheiros, estas rochas, estas ondas "visitadas" pela lua, e subitamente senti até que ponto estava ligado a este belo universo maldito.

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