A nossa falta de orgulho compromete a morte. Provavelmente foi o cristianismo que nos ensinou a fechar os olhos — a baixar o olhar — para que a morte nos encontre pacíficos e submissos. Dois mil anos de educação habituaram-nos a uma morte sensata e alinhada. Morremos para baixo, apagamo-nos na sombra das nossas pálpebras, em vez de morrer de músculos tensos, como um corredor que espera o sinal, a cabeça atirada para trás, pronto a enfrentar o espaço e derrotar a morte no orgulho e na ilusão da sua força! Muitas vezes sonho com uma morte indiscreta, cúmplice das expansões…
Lágrimas e Santos, Emil Cioran (tradução a partir da versão francesa).
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