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Sexo senil

Numa entrevista ao jornal Público, Júlio Bressane comenta a propósito de João César Monteiro:

O Monteiro também foi uma descoberta tardia, infelizmente. Todos os seus filmes são extraordinários. Aquele Recordações da Casa Amarela, uma obra-prima! O outro, Vai e Vem, todos os filmes dele… É um cineasta de uma força e coragem enormes. São filmes que trabalham com pathos! Que têm um tema que é um outro estado de espírito no homem: o sexo senil. A exposição do sexo senil, o grande mito do homem, o mito da potência... Ele expôs justamente o que é a vida e o destino. Eu acho que é o único director que fez isso de forma voluntária! Involuntária muita gente fez, mas voluntária foi o Monteiro. Ele não é apenas um grande diretor, é um grande artista.

Dificilmente se poderia imaginar melhor definição para os filmes de João César Monteiro. Uma espécie de curto-circuito entre a cabeça e o sexo: um corpo impotente a braços com uma imaginação transbordante.

Comentários

ZMB disse…
Há autores que no seu modo de fazer arte conseguem expressar de modo inteligível as coisas mais mundanas e risíveis mas em que alguns de nós se revêem, mais íntimas, mais terríveis ou mais indizíveis.
JCM era e é, porque a sua obra lhe sobrevive, um desses autores.
Outro autor é o que eu peguei agora para ler: autora: Sarah Kane, teatro completo, acabei de ler Ruínas, é terrível tudo aquilo, e tão poucas palavras escritas na peça, mas tão reais, tão verdadeiras, tão verídicas. É terrivelmente belo.