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Hierarquias

Nos Estados Unidos, fazer distinções hierárquicas a propósito de cultura era a única linguagem aceitável de que as pessoas dispunham para se falar abertamente de classe. Em países menos igualitários, como a pátria de Tina Brown [Inglaterra], existia já uma hierarquia social baseada em classes antes do desenvolvimento de uma hierarquia cultural, pelo que que as pessoas podiam dar-se ao luxo de misturar cultura comercial e elitista - os Monty Phyton, por exemplo, ou Tom Stoppard, ou Laurence Olivier - sem comprometer gravemente a sua posição enquanto membros da classe superior. Porém, nos Estados Unidos, as pessoas precisavam das distinções de highbrow e lowbrow para que cumprissem a função que noutros países era cumprida pela hierarquia social. Qualquer pessoa rica podia comprar uma mansão, mas nem toda a gente podia cultivar um interesse ardente por Arnold Schönberg ou John Cage.

John Seabrook, Nobrow: The Culture of Marketing, The Marketing of Culture. Citado por Hal Foster, em Design e Crime. Tradução de Vasco Gato.

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