Este Caderno foi escrito durante o verão de 1966 em Talamanca,
uma povoação situada na ilha de Ibiza. É o testemunho de uma crise, uma crise de tal intensidade, que nos Cadernos posteriores será referida como Noite de Talamanca.
Verena von der Heyden‑Rynsch, prefácio a Caderno de Talamanca.
Comentários
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Tenho uma ideia romântica de Cioran: Bach,
noite, suicídio adiado, águas-furtadas, budismo.
Um sedutor. Fico indecisa: Talamanca ou Formentera?
Definir Cioran não é nada fácil porque ele escapa sempre à direcção dos adjectivos. Por exemplo, só podemos colar-lhe a etiqueta “budismo” se juntarmos outra contrária. Um homem das águas-furtadas é um bom princípio. Se acrescentarmos “e do jardim de Luxemburgo” — ainda melhor.
Quanto ao suicídio também é preciso muito cuidado. Para Cioran, o suicídio não é bem um acto adiado, é apenas uma possibilidade que não precisa de se concretizar. Saber que se pode matar permite que se mantenha vivo. Assim, o suicídio funciona quase como uma garantia de vida.
Não se pode estudar Cioran sem ouvir (ou ler) fados. :D