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Píca-ro

Em vez de escrever, digo mal de todos os que escrevem. Um falhado é isto. Lembro-me daquele pintor, numa aldeia de Perche, que borrava as paredes dos restaurantes (paisagens horríveis com um lago, etc.) e dizia mal de todos os seus colegas, a começar por Picasso a quem chamava «Píca-ro»! O azedume só é aceitável ao nível especulativo, no estado de pura abstração: fel decantado.


Emil Cioran, Cadernos 1957-1972



É muito raro, mas às vezes as traduções correm tremendamente bem: precisamos de uma palavra que encaixe (é disso que se trata: encaixar as palavras nos sítios certos, agradar à semântica e à fonética, fazer tudo com justeza e sem nos estatelarmos no chão) e encontrámos uma que se ajusta como na língua original. Neste caso foi “Píca-ro” lançado contra Picasso. Se estivesse na Graciosa, atirava uns foguetes ao ar.


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