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Jeanne Dielman

Passou uma semana e continuo a pensar no filme de Chantal Akerman como se tivesse acabado de o ver. Já me afastei da tradução de Uma família de Bruxelas, da mãe de Chantal e de tudo que vem por arrasto, mas continuo com muitas imagens demasiado presentes na cabeça. O cão de porcelana que está na cristaleira da sala de jantar, por exemplo, não me dá tréguas. Assim como o reflexo do néon azul. (Isso e o plano de entrada no prédio quando Jeanne passa pela porta quadriculada intermédia junto às caixas de correio que fica entreaberta e depois continua a afastar-se da câmara, entra no elevador e corre as duas portas de grades do elevador — todas essas linhas que mostram a enclausura em que ela se fecha — são o lado formal e hitchcokiano do filme?)

E também os sons dos interruptores, dos tacões e dos cabides, que funcionam quase como um metrónomo.  

Em certo sentido, Jeanne Dielman faz-me lembrar Der Lauf der Dinge, de Peter Fischli e Weiss — tem o mesmo carácter hipnótico. Prende-nos a qualquer coisa, mas não sabemos lá muito bem o que é essa coisa. 


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