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E assim por diante

Da janela do Candelabro, observo um tipo que está na esplanada ao lado e que acaba de pedir vinho. O empregado traz a garrafa, serve uma pequena quantidade no fundo do copo e espera que o cliente prove. O tipo é como eu: de vinho, conhece apenas o rústico prazer de beber. Seja como for, compõe o ar mais digno possível, leva o copo à boca, bebe um bocadinho, fixa um ponto vago numa parede do largo e, finalmente, faz que sim com a cabeça. O empregado já serviu milhares de tipos como este. Ambos sabem que todos estes gestos são inúteis. Mas alguém pode estar a olhar, talvez de uma janela próxima. É preciso repetir os gestos outra vez. E outra vez. E outra vez. E assim por diante.

Comentários

António disse…
É uma coreografia: o cliente ao pedir vinho convida o garção a uma dança.