Avançar para o conteúdo principal

Para nada! Para nada!

FIOR: Como o tempo corre! Considerem, por exemplo, aquele banco. Parece imóvel, mas como corre! Corre e corre... mas para onde? Hum? Para onde? Em que direcção, porquê? Tudo corre e corre, meu Deus!

HUFNAGIEL (canta): Oh, um galope, galope, galope!
Chicoteá-lo uma vez, chicoteá-lo outra vez.
(...)
Não costumo cair de uma sela. Não, não costumo cair de uma sela. O galope é a minha especialidade! Permita-me, mestre, não partilhar da sua inquietação. Aquele banco? Correr? Galopar? Não saber aonde se vai? E então? Monto, corro, galopo! Não costumo cair de uma sela!
(...)

FIOR: Galope... sim, sim... galope...
Como é fácil montar um cavalo, correr, correr...
Mas pior que a corrida de um cavalo
É a ideia de imobilidade... Galope imóvel!
Galope pleno que não se mexe, mas corre, corre...
Toca no banco.
Para onde vais, banco?
Porque corres como um louco? Hum?
Para onde?
Porquê?
Oh, tudo, tudo, tudo, árvores e pedras,
Casas e igrejas, terra, céu, tudo
Como cavalos galopando! Mas eu não me moverei!
Tornar-me-ei uma estátua, para parar
Esta corrida!
Fica imóvel.
Talvez cesse esta corrida...
(Patético, levando as mãos à cabeça:) Para nada! Para nada!
Também eu corro! Voo! Galopo!
Um cavalo galopando!
Trovão.

Comentários