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Amanhã há mais

Fim de tarde. Regresso a casa após mais um dia de trabalho. No metro, ouço um tipo dizer a outro: «Por hoje já está.» O segundo responde: «Amanhã há mais.» E isto é dito no tom branco e neutro de uma ladainha. É impossível perceber se existe um pingo de entusiasmo naquele «amanhã há mais» ou se, pelo contrário, é a tristeza que ali espreita e mostra a ponta fria do nariz.

Comentários

Eh. Lopes da Silva disse…
Única forma de nos defendermos da erosão do tempo? Haverá quem diga forma prosaica de aceitação do determinismo social, ou, a fé ainda naqueles que estiveram mais de 300anos sob inquisição, ou, a aceitação do sofrimento de sabermos que a próxima paragem é uma parede sem retorno. É escolher, é escolher, ó pessoal!