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Saltarinheiro

14 de outubro (1970)
A. A. envia-me o Diário de Vlasiu onde se fala muito de mim tal como era em 1938-39. 
Esse eu de que Vlasiu fala, por mais que tente, não o consigo reconhecer: escapa-me, tem a consistência de um espectro. É verdade que não se percebe lá muito bem como é que nos podemos reconhecer quando somos evocados por um saltarinheiro, por um escroque ao mesmo tempo bilioso e cheio de encanto, um labrego manhoso e cabotino como não há outro. 


Emil Cioran, Cadernos 1957-1972  



Traduzir os Cadernos obriga-me, constantemente, a procurar uma data de insultos em português. Não são uns insultos quaisquer, têm de ser potentes e encantores ao mesmo tempo (mais ou menos: pulverizar, mas com dedicação). 

Para além da alegria que me dá no momento, fico preparada para eventuais reclamações, guerrilhas e discussões. E também deve dar pontos no curriculum vitae.

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