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Que diremos (pergunta) se as coisas naturais — fontes, florestas, vinhas, campos — forem um dia absorvidas pelas cidades e desaparecerem, e apenas se encontrarem em frases antigas? Serão como os deuses antigos, as ninfas, a natureza sagrada que emerge dos versos gregos. Então a simples frase «havia uma fonte» comover-nos-á.

Cesare Pavese (Il Mestiere di vivere), citado por Manuel de Seabra no prefácio a "A Lua e as Fogueiras", livros de bolso Arcádia, 1958 (tradução corrigida).



Comentários

André Dias disse…
Creio que a tradução devia ser "havia uma fonte".
c disse…
Sim, tens razão.

A frase original é assim: Allora la semplice frase “c’era una fonte” commuoverà.

Foi traduzida apressadamente por "era".
Hei-de ver como é que está em "O Ofício de Viver", mas de qualquer forma vou alterar.

Obrigada, André.
c disse…
Em O Ofício de Viver (tradução de Alfredo Amorim, Relógio d’Água, fevereiro de 2004) está assim:

15 de Outubro (1945)
Que dizer se um dia as coisas naturais — fontes, bosques, vinhedos, campinas — forem absorvidas pela cidade e, diluídas, se encontrarem apenas em frases de sabor antigo? Farão o efeito dos theoi, das ninfas, do sacro natural que emerge em qualquer verso grego. Então a simples frase «havia aqui uma fonte» despertará emoção.



Caramba, já passaram quase dez anos, tenho de voltar a ler este diário..
André Dias disse…
Não me parece mal, o acrescento do advérbio.