Ora, estas mesmas pessoas não só estão atemorizadas, como são ao mesmo tempo temíveis. Quando vêem enfraquecer aqueles mesmos que ainda agora temiam, o estado de espírito passa da angústia para o ódio declarado. E não é só na Europa que se encontram grupos desta espécie. O pânico condensa-se, no momento em que o automatismo aumenta e se aproxima de formas perfeitas, como na América. É aí que ele encontra o seu melhor alimento; expande-se através de redes que competem em rapidez com o relâmpago. Já a necessidade de receber informações várias vezes por dia é um sinal de angústia; a ilusão cresce e paraliza-se em rotações aceleradas. Todas estas antenas das cidades-cogumelo assemelham-se ao cabelo eriçado. Eles desafiam os contactos demoníacos.
Está visto que o Leste não constitui uma excepção. O Ocidente tem medo do Leste e o Leste do Ocidente. Vive-se em todos os pontos do mundo na expectativa de ofensivas temíveis. Em alguns deles, acrescenta-se o medo de uma guerra civil.
O mecanismo grosseiro da política não é o único motivo desse medo. Para além dele existem angústias sem conta. Elas arrastam aquela incerteza, que está sempre à espera de médicos, salvadores, curandeiros. Não há nada que não possa tornar-se objecto do medo. Temos aqui um prenúncio mais claro do declínio do que qualquer perigo físico.
Comentários