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Horror

Guerra, assassínio, ódio, genocídio, extrema-direita. Parece tudo tão óbvio, tão ostensivo, como um murro no estômago. A repetição de um filme de horror já visto. E, no entanto, não consigo evitar a permanente sensação de que os jornais usam uma língua que não conheço, uma escrita feita de hieróglifos impossíveis de decifrar. A terrível sensação de que falta sempre uma peça ao conjunto. Qualquer coisa que só irei compreender no último momento, quando o tempo se tiver esgotado. Aquilo que Karl Kraus viu desde o princípio e que eu não consigo ver. Ou que — e este é o drama — prefiro não ver.

Comentários

Anónimo disse…
Uma sugestão sobre essa 'qualquer coisa', pouco que possa ser. O bode expiatório não exige grande elaboração, é o que está a dar. A tal ponto que faz de adversários aliados de circunstância. Aconteceu quando um mundo árabe traído por fanceses e ingleses, recorde-se TH Lawrence, se aliou aos alemães, durante a 2ª Guerra Mundial. Hoje, a extrema direita não hesita em abraçar Israel. O ódio ao muçulmano, o escuro, o migrante, mesmo quando latino americano, faz comunidade. Trata-se de evitar contaminação e preservar a raça ocidental, seja lá o que for o oxímero. Os tambores rufam. Alguma loucura woke ajuda.