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Jacques Rivette: No cinema, o importante é o momento em que já não há autor do filme, já não há actores, já não há sequer história, não há assunto, nada senão o que o filme diz.



Comentários

André Dias disse…
Nada senão o momento em que o filme "diz"? Para isso, mais valia nem o despir de autor, atores, história, assunto, etc. Como dizia o outro, de nada serve deixar de acreditar em Deus se ainda se acredita na gramática.
Bom dia disse…
Confesso que também me desapontou que ele dissesse tudo aquilo apenas para chegar nesse verbo. Mas a verdade é que há muitas formas de dizer.
Há aquilo que se diz contínuo feito um fio: aquilo que se quis dizer, e que se disse; como há aquilo que se balbucia, que se gagueja, ou inclusive que se diz de lábios fechados
c disse…
Há aqui um pequeno problema de tradução. O que Rivette disse foi:

«Dans les films, ce qui est important, c’est le moment où il n’y a plus d’auteur du film, plus de comédiens, même plus d’histoire, plus de sujet, plus rien que le film lui-même qui parle.»

Podia terminar em plus rien que le film lui-même; e qui parle não é tanto falar, não é bem o que ele diz. É mais, creio, o que nos dá. Acho que Rivette queria que o filme fugisse (ao autor, aos actores, à história, a tudo), que ganhasse autonomia.

Mas é apenas uma opinião, ainda não vi o filme e nem sei se vem ao Porto.
boa noite disse…
não tinha lido este último comentário. mas veja o que rivette diz sobre o joana d'arc:

Et si Bresson tend vers l’écran blanc (ou plutôt gris modulé; mais il y tend sans jamais y tomber), ce n’est donc pas pour ne plus rien dire, mais pour dire tout, ou du moins une seule chose absolument: un seul mot peut-être, mais dit si totalement qu’il soit le signe et le sens de tout.

é verdade que a tradução está errada, mas aqui ele diz o que ela errada dizia!

quanto ao filme, ele foge e ganha autonomia, sim, como um mecanismo criado para destruir-se a si mesmo
c disse…
Pronto, o Rivette foi apanhado contradição! Vamos ter de o convocar! :D