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Mulheres, homens e árvores

Por um improvável alinhamento das leis da física, cruzámo-nos no fim-de-semana com Chantal Akerman, Danièle Huillet e Jean-Marie Straub. No sábado, vimos D'est e, no domingo, Europa 2005, 27 Octobre, Le Genou d’Artémide e Itinéraire de Jean Bricard.
As semelhanças entre D'est (1993), de Akerman, e Itinéraire de Jean Bricard (2007), de Straub/Huillet, são muito surpreendentes. Em ambos os filmes, há longos travellings laterais sobre elementos ordenados em filas. Filas de pessoas à espera de um comboio, de um autocarro ou de vez para comprar pão, em vários locais do Leste da Europa, em Akerman. Filas de árvores, nas margens do rio Loire, em Straub/Huillet. As pessoas lembram árvores de um bosque, as árvores lembram pessoas paradas no Inverno. 
Em ambos os filmes, há um mundo em extinção. Em D'est, o fim do bloco soviético. Em Itinéraire…, o fim da paisagem natural da Île de Coton, ameaçada por um desastre ecológico. 
Nos dois, o som dominante em grande parte das sequências é o do motor do veículo que transporta a câmara: um automóvel, em D'est, uma lancha, em Itinéraire... Muito parecido com o som repetitivo e ininterrupto da máquina numa cabine de projecção. 
Nos dois filmes ocorre ainda um curioso efeito de espelho: filas de pessoas numa sala de cinema a olhar para pessoas em filas (D'est) ou para filas de árvores (Itinéraire...). De certa forma, os dois documentários são também filmes sobre o cinema.

Comentários

Boa noite disse…
fui ver D'est o outro dia, estava com um sono terrível, dormi, dormi dois terços do filme, via 2 minutos e dormia outros 7; só devo ter acordado de verdade nos últimos 20; o filme de repente acabou; e ainda assim me pareceu belíssimo!
c disse…
https://m.youtube.com/watch?v=7lyWAQPzczg


https://m.youtube.com/watch?v=5u4F2ndRV10&pp=ygUOU3RyYXViIGh1aWxsZXQ%3D


Os pontos de contacto entre os três são incríveis. As aves raras formam um pequeno bando.