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O sopro revolucionário



Marguerite Duras: (...) Acredito na utopia política, quer dizer, acredito profundamente no movimento de Allende que é talvez a coisa mais importante que aconteceu desde 17, juntamente com os primeiros momentos, os primeiros anos de Cuba. É a utopia que faz avançar as ideias de esquerda, mesmo que falhe. 68 falhou, e isso foi um avanço fantástico para a ideia de esquerda, aquilo a que durante muito tempo se chamou exigência comunista, mas que na conjuntura actual já não significa rigorosamente nada. Só se pode fazer isso.... Tentar umas coisas, mesmo se são feitas para falhar. Mesmo falhadas, são as únicas que fazem avançar o espírito revolucionário. Como a poesia faz avançar o amor. Está tudo ligado. Não há poesia — verdadeira — que não seja revolucionária. Quando Baudelaire fala dos amantes, do desejo, está no auge do sopro revolucionário. Quando os membros do Comité Central falam da revolução, é pornografia.

O Camião (entrevista com Michelle Porte), de Marguerite Duras.


Comentários

essa da verdadeira poesia ser revolucionária é fraquinha há tanta má poesia cubana e albanesa
c disse…
Bom, ela não fala em poesia cubana nem albanesa (que nem deve conhecer).

Ela diz que a verdadeira poesia (e cita Baudelaire) é revolucionária.

Não é revolucionária por ser revolucionária, é revolucionária porque é verdadeira.
c disse…
Errata: Não é revolucionária por se dizer revolucionária, é revolucionária porque é verdadeira.
Luis Eme disse…
Concordo muito com ela, a "utopia" é essencial, tal como a boa poesia...

As mudanças não se fazem apenas com armas. Normalmente até se perde mais do que o que se ganha...