— Não! Claro que não! Chamaram-lhe muito isso. O António não gostava nada. Um
documentário para mim, na minha definição, é ficção o mais próxima da realidade que exista,
mas “ficção” na cabeça de quem faz. Trás-os-Montes não! Muito daquilo é sonhado, muito
daquilo não era verdade... Na altura mesmo! A ficção pura é isso, é juntar varias coisas. Tanto
dá que tenha sentimentos humanos como não. É o juntar de formas. Isso é ficção pura.
(...)
— Algumas críticas apontam o Trás-os-Montes como um panfleto político? Vê o filme
como tal?
— Tudo é político! Não há nada que não seja político... Político quer dizer da cidade, da
comunidade. E por isso [Trás-os-Montes] é político, claro. O filme não era uma brincadeira.
Mostrava que há pessoas na extrema miséria. Mas que são belas, num país que pode ser muito
belo. Nós tentamos dizer isso, não percebem?
Comentários
Conheci bem "aquilo" dez anos antes.Mais carregadas as tintas,mais densas as vidas. E o cantar de minha prima ao tear,nos meus sentidos de criança.
Mas do cineasta ecoa-me na memória o chamamento:---Jaime... ---É a minha Evangelina.E um bestiário desenhado numa profusão de papéis,dentro de um recinto circular com um panóptico ausente. Filme a precisar de restauro.
https://www.cineric.pt/pt/films_pt/
• O filme de António Reis e Margarida Cordeiro foi digitalizado a partir do negativo 35mm, em 4K com wetgate, para a Cinemateca Portuguesa.
• O restauro digital consistiu numa leve remoção de poeiras e estabilização. Nos planos com legendas, mantivemo-las estáveis em detrimento da imagem em fundo, privilegiando o visionamento original.
• Usámos a cópia restaurada pela Cinemateca Portuguesa como referência para a correção de cor. Tivemos também o privilégio de trabalhar com o diretor de fotografia do filme, Acácio de Almeida, para a finalização do projeto.
Muito obrigado.