Ora, numa noite de Fevereiro de 1974, tive de sair de casa para comprar um remédio para o meu filho, que estava doente. Enquanto conduzia em direcção à farmácia, surgiram-me de repente, e sem que eu estivesse a pensar sequer nesse ou em qualquer outro dos sonetos [de Shakespeare], o primeiro verso de uma versão em português, e em alexandrino, do soneto 130 ("My mistress' eyes are nothing like the sun"). O resto foi bem rápido. Tão rápido que, nesse mesmo mês de Fevereiro de 1974, acabei por traduzir 35 sonetos... Normalmente pegava na colectânea e ia lendo e relendo, até que se me desencadeava em português a forma incial dos textos de que depois, com alguma minúcia e bastante liberdade, procurei encontrar o equivalente na nossa língua: ou que, para usar uma bela expressão de Carlos de Oliveira, procurei reescrever em português. Bom, e a partir daí...
Vasco Graça Moura.
Vasco Graça Moura.
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