Um drama, mesmo quando nos pinta paixões ou vícios que têm nome, incorpora-os de tal maneira na personagem que os seus nomes são esquecidos, os seus caracteres gerais se apagam, enquanto nós deixamos por completo de pensar neles para pensarmos na pessoa que os absorve; é por isso que o título de um drama dificilmente deixará de ser um nome próprio. Em contrapartida, numerosas comédias têm um nome comum: O Avarento, O Jogador, etc. Se nos pedirem uma peça que possa chamar-se, por exemplo, O Ciumento, ocorrer-nos-á ao espírito Sganarelle ou George Dandin, mas não Otelo; um título como O Ciumento só pode ser um título de comédia.
Henri Bergson, O Riso. Tradução de Miguel Serras Pereira.
Henri Bergson, O Riso. Tradução de Miguel Serras Pereira.
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