Como seria de esperar, os artigos de Claudio Gatti sobre Elena Ferrante resultaram. Quer dizer, provocaram o resultado pretendido: uma pequena polémica feita de espuma e brilhos, dois minutos de fogo de artifício. Esperto, Gatti seguiu o rasto infalível do dinheiro. Esperto, mas também muito estúpido pois a investigação policial não serve para nada. O faro leva-o contra um muro. Ele nunca vai saber nada sobre Ferrante porque a sua capacidade de conhecimento é embotada. Não quero pormenores sobre a vida de Elena Ferrante. Ela faz o seu trabalho e não me deve mais nada, nem aos outros leitores. A sua reserva é um consolo num tempo em que toda a gente diz tantos disparates. Gatti, porém, deixou-se levar pelo seu próprio deslumbramento e foi ainda mais longe; um passo infame levou-o a acusar a escritora de inventar um passado napolitano e, desse modo, evitar falar do passado da sua mãe alemã. Essa traição que Gatti atira à cara de Ferrante vira-se contra ele próprio transformada em nojo. No fim da leitura dos dois artigos publicados no New York Review of Books é dele próprio que nos apercebemos: Cláudio Gatti, um homem pequenino que cheira mal.
Cristina Fernandes.
Cristina Fernandes.
Comentários
ele/ela que continuem a escrever livros. só me interessa isso...