De repente, um piano corre através do palco. A bateria dá uma pirueta e depois outra, e outra ainda. O baixo abre os braços, roda sobre si próprio, agita todos os membros, não pára quieto. O saxofone contorce-se, explode e espalha-se por toda a parte. A seguir é o piano que se dobra e o saxofone que dispara pelo palco. A bateria contrai-se, salta, e o baixo rebola e arrasta-se pelo chão. O piano parece ter quatro, seis, oito braços, e o saxofone mil asas. O baixo e a bateria combinam-se, afundam-se, misturam-se, em longos, ternos e voluptuosos abraços. Os quatro instrumentos juntam-se e afastam-se, e aproximam-se de novo e voltam a separar-se.
No palco, não há qualquer piano, nenhum baixo, nenhuma bateria ou saxofone. E, no entanto, nunca houve quatro instrumentos mais vivos sobre um palco.
A love supreme, Anne Teresa de Keersmaeker & Salva Sanchis.
No palco, não há qualquer piano, nenhum baixo, nenhuma bateria ou saxofone. E, no entanto, nunca houve quatro instrumentos mais vivos sobre um palco.
A love supreme, Anne Teresa de Keersmaeker & Salva Sanchis.
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