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Nunca vi homens tão felizes

Aqui, no Hotel Sossego, também descobri que aqueles que inventaram que o trabalho embeleza o homem não foram senão aqueles que aqui, toda a noite, bebiam e comiam com belas meninas sentadas nos joelhos, os ricos, que sabiam ser felizes como crianças pequenas... e eu que estava convencido que a gente rica estava amaldiçoada ou coisa do género, que as cabanas, os sótãos, a sopa de alho e as batatas davam às pessoas o verdadeiro sentimento de felicidade e beatitude, que a fortuna era uma espécie de maldição!, mas, segundo parece, mesmo esta conversa fiada sobre a felicidade nas cabanas, mesmo isso tinha sido inventado pelos nossos hóspedes, para quem tanto fazia, que deitavam as notas aos quatro ventos, não olhavam a despesas por uma noite louca e sentiam-se bem assim... nunca vi homens tão felizes como aqueles industriais e fabricantes ricos... como disse, sabiam brincar e gozar a vida como os putos pequenos, faziam mesmo maldades e, propositadamente, enganavam-se uns aos outros, tanto tempo tinham para tudo!...

Bohumil Hrabal, Eu que servi o rei de Inglaterra. Tradução de Ludmila Dismanová.

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