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Fractura exposta

Dois actores entram em palco para representarem a sua própria tragédia. Ambos perderam os filhos e, esta noite, a peça é sobre essa perda. As palavras são as suas próprias palavras. Os gestos são os seus, a dor, a angústia, o desespero. O desaparecimento de um filho é uma crueldade irremediável e para a qual não existem guiões. Não há autor nem encenador. A morte é a autora e a única encenadora. O teatro é posto de pernas para o ar. Os dois actores são o público involuntário de um diabólico espectáculo montado pela morte. E este é o grande paradoxo: ver a morte de frente transforma-se no mais impressionante espectáculo sobre a vida.
 

C'est la vie, de Mohamed El Khatib. Com Fanny Catel e Daniel Kenigsberg.

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