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Celeste Ng x Rachel Kushner






Portei-me bem e não abandonei o livro. No fim, continuo a achar que “Pequenos fogos em todo o lado” podia ser a consequência satisfatória de um curso de escrita criativa e nada mais do que isso. Nota-se demasiado o esforço de composição, quer da trama quer das personagens e, apesar do título promissor, os fogos são tão pequenos que se apagam com um sopro, não é preciso chamar os bombeiros, nem fazem tábua rasa de nada. A aflição do livro é meramente ilustrativa, como se costuma dizer na publicidade. Cheia de ligeireza, apetece-me classificar Celeste Ng como uma promissora pré-argumentista — e é um pau.

Claro que a minha opinião é mais severa porque li há uns meses “Os lança-chamas”, de Rachel Kushner, acabei por estabelecer um paralelo entre os dois livros e Kushner ganhou o round. Durante a leitura d’ “Os lança-chamas” fui aderindo a tudo: às personagens, à montagem, à variedade de histórias sobrepostas, ao fulgor, ao ritmo polifónico, à mistura entre documentário e ficção.

Carregando na tecla da ligeireza, vou ao ponto de escrever (como se isso fosse argumento) que enquanto Celeste Ng gosta de séries de televisão, Rachel Kushner gosta de cinema — e do bom. Reno mentions watching Wanda directed by Barbara Loden as well as Jeanne Dielman, 23 quai du Commerce, 1080 Bruxelles directed by Chantal Akerman. Reno also makes several references to Spiral Jetty an artwork created by Robert Smithson.

Agora espero, com moderada ansiedade/como quem aguarda o novo disco de uma cantora favorita, que a biblioteca compre “O quarto de Marte”, para mais traduzido pelo José Miguel Silva (convém mencionar que “Os lança-chamas” mereciam uma tradução melhor; para conseguir perceber umas páginas sobre os Up Against The Wall Motherfuckers, tive de ir ao original inglês — continuo a implicar com a Telma Costa).

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