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Adagas, fitas, rosas e espadas.

Tringapregos dá nome ao livro e compreende-se porquê — é uma personagem de alto gabarito. Grandioso. Tem tudo em demasia e tudo em falta. Porém, apesar do paleio imponente, das alcunhas cómicas e dos trajes ridículos (ah, a maravilha de imaginá-los), Trincapregos é apenas um dos “Valorosos” — um grupo de judeus da ilha grega de Cefalónia, os cinco primos Solal, homens desenfreados, sentimentalões, farsolas, pícaros, chanfrados e muito mais (...) judeus do sol e do bom humor eloquente e cavalheiresco, nós judeus do Mar e das maneiras elegantes, descendentes dos judeus de Espanha a cavalo, que andaram vestidos de seda e usaram adagas, fitas, rosas e espadas (...).

O livro cresce em redor das peripécias destas personagens extravagantes. Através de aventuras calhadas para o torto, Albert Cohen capta o lado mais solar da existência — uma vida cheia de cores, de cheiros, de comida, de corpo, efervescente, zombeteira, imperfeita, desgraçada, de excesso, mais dionisíaca que o próprio Dionísio, atraindo mais adjectivos do que um íman.

Vamos passando as páginas e parece que estamos sempre num mercado de rua, mesmo quando se fala de Hitler e dos campos de concentração, mesmo quando eles vão à burocrática e tão limpinha Sociedade das Nações Unidas, em Genebra, continuamos nessa feira colorida e barulhenta, no meio das guloseimas, pregões, insultos, galinhas. A alegria de viver sobrepondo-se a tudo. Imbatível.

“Trincapregos” é um livro que nos abre o apetite para tantas coisas descomunais. É tão bom.

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