Ontem, na antestreia de «Vitalina Varela», no Trindade, não havia uma pessoa negra na plateia. Era uma sala branca, burguesa, vagamente caviar. Depois do filme e das fotos para o instagram, toda a gente saiu para beber um copo, reservar mesa no restaurante, e trocar umas ideias sobre a Vitalina e o Ventura. Eu incluído.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral
Comentários
O que Jean Genet escreveu sobre as esculturas de Giacometti (que se destinam ao povo dos mortos) talvez se possa dizer sobre os últimos filmes de Pedro Costa? Genet era gajo para escrever um texto lapidar sobre Vitalina, não?
Percebo o que estás a dizer e tens razão.
Por outro lado:
“Vitalina Varela” é para mim, disso não abdico. Vejo muitas mulheres como Vitalina, sentam-se ao meu lado no autocarro. Ouço os desabafos. Falava mais depressa com Vitalina, do que com a tal senhora perfumada de Lisboa ou com críticos de cinema. Aliás, queria saber que comida é que ela fez naquela cena do Ntoni e da Marina.
A arte não tem de ter nenhum objectivo. A arte é apenas arte. Será?
E o filme mostra-nos um bairro lunar, que não existe. A verdade fora de campo é muito mais violenta.