É de mim ou no livro editado pela Antígona há dois Dovlatov? Há o Dovlatov de Leninegrado, de «O livro invisível», fresco, ágil, armado de uma ironia tenaz e de um humor formidável, na melhor tradição da literatura russa do século XX, de Daniil Harms a Zamiatine ou Zoshchenko, embora irremediavelmente preso no interior do cerco montado pela absurda e tirânica burocracia soviética. E há um segundo Dovlatov, o de Nova Iorque, de «O jornal invisível», livre para pensar e escrever, e que, no entanto, é um autor cansado, sem ideias vivas, sem mão, que se arrasta pelas páginas como um velho mestre cego. Até as anedotas do Dovlatov nova-iorquino não têm a mesma graça do de Leninegrado.
Que conclusão tiramos disto? Só o diabo sabe, como disse Erik Bastin.
Que conclusão tiramos disto? Só o diabo sabe, como disse Erik Bastin.
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