Longas e intermináveis reuniões de teletrabalho. Horas e horas com a «câmara ligada». O meu rosto no ecrã tem uma força magnética qualquer. Não consigo desviar o olhar de mim próprio. Todos os movimentos e gestos me atraem. Mexo no cabelo com a intenção de me ver. Sorrio e passo a mão pelo rosto como num filme. Os gestos mais simples e involuntários parecem controlados, estudados, ensaiados, falsos. Estou a representar o meu papel e sou um péssimo actor. Bresson jamais me contrataria.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral
Comentários
Uma vez escrevi um texto sobre isso, já não me lembro dos pormenores, mas acabava a falar em Rivette.
Continuo a achar que tenho pinta para entrar num filme de Rivette. Um dia ele vai-me convidar. :)