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Ah, é poeta!

A polícia bate na porta: a poeta Ingeborg Bachmann, um pouco sonolenta, levanta e se prepara para atender ao chamado. Estamos em 1954 e, ao contrário do que se poderia imaginar, não se trata de uma batida da polícia secreta nos tantos países totalitários da época. Uma vizinha de Bachmann denunciou às autoridades o ruído causado pela poeta durante a madrugada: o barulho ritmado das teclas da máquina de escrever ecoa na noite e interrompe o sono dos justos. A poeta diz aos policiais que as ideias só vêm à noite e que o barulho da praça durante o dia atrapalha seu trabalho. “Mas em que diabos a signorina trabalha à noite?”, perguntam os policiais. Ela entra no apartamento e volta com uma folha datilografada, um poema em alemão que testemunha seu ofício. “Ah, é poeta!”, respondem os policiais. Tudo se resolve, mas Bachmann ainda escuta os policiais comentando quando se afastam: “Poemas tão curtos para tanto barulho!”. (...)

Kelvin Falcão Klein escreve sobre Ingeborg Bachmann aqui.

Comentários

Ás teclas das máquinas de escrever de antigamente, penso que nessa data inclusive, faziam de facto muito barulho. E no silêncio da madrugada se calhar incomodavam mesmo os vizinhos de cima e de baixo. Penso que já haviam casas com mais que o r/c do chão

Confesso que também gosto de escrever pela noite dentro, inclusive de madrugada.
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Boa noite
Cuide-se