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Os pensamentos duplos

É uma cena curta e discreta só com duas personagens; não chega a ocupar quatro páginas.
Passa-se na casa de campo de Lébedev, em Pávlovsk, onde o príncipe Míchkin está hospedado.
Ao anoitecer, Keller irrompe pelo quarto do príncipe com confissões várias tentando desculpar-se indirectamente pelo artigo difamatório publicado no jornal, mas também cravar alguns rublos.

Míchkin apercebe-se da duplicidade do gesto e desmascara-o sem, no entanto, o julgar.
Em vez disso, Míchkin isola o procedimento mental de Keller, descreve e explica os pensamentos duplos — como um professor na sala de aula. É um assunto que ele conhece por dentro, que o preocupa e assusta cada vez mais: dois pensamentos opostos que coincidem e — provocam uma desordem, uma hecatombe?

Sem saber, Míchkin estava quase a criar um conceito filosófico. Agora é tarde demais.

Comentários

Bruno disse…
Quando era criança eu já percebia conseguir pensar em duas coisas distintas sem me atrapalhar em nenhuma delas. Hoje com vinte anos e tenho a dualidade mental como um problema, sou cristão e me pego muitas vezes pensando coisas sem sentido, coisas que eu não pensaria sobre Deus. Não apenas isso, quero pensar positivo e as vezes me pego com pensamentos distópicos e alguns pensamentos saem atropelados por outros, estou percebendo que isso também está afetando minha dicção