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Subir na vida

Ontem à noite, vimos L'assassino, de Elio Petri. A história de um antiquário de origens modestas que compra e vende objectos antigos com o mesmo rigor com que mantém um activo comércio íntimo com mulheres «de boas famílias». O cenário é o da cidade de Roma, a eterna loja de antiguidades da velha Europa. O objecto que permite à polícia desvendar o crime é um antigo relógio de ouro que o protagonista oferece à vítima, na noite do assassínio.
Os minutos, as horas, os anos avançam. Os relógios passam de mão em mão, de geração em geração, entre vítimas e culpados - quem são as vítimas, quem são os culpados? -, e a história pouco muda. Sobe-se na vida, desce-se ao inferno.

(Adenda.)
No último plano de Era uma vez um melro cantor, de Otar Iosseliani, lembro-me agora, um relojoeiro - numa série de gestos parecidos com os de um cirurgião - devolve à vida um relógio que tinha parado.
Terminado o filme, a máquina do tempo volta a funcionar. O mundo retoma a sua marcha. Culpados e inocentes, vítimas e algozes, regressam ao jogo sem fim do gato e do rato. E, neste jogo, o gato quase sempre devora o rato.



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