Qualquer ignóbil detentor de farta conta bancária, qualquer filho de oficial, qualquer rebento de burocrata, qualquer um desses felizes parvalhões a quem se oferece uma mota pelo Natal, qualquer aborto educado em papel de seda, todos têm como coisa infalível serem novos Rimbaud e que o eu deles é também um outro. Tudo quanto passa a vida à espera da herança fala em sumir-se um dia. (...) O que estudo para já neste fenómeno é a grande comodidade antipoética do rimbaudismo contemporâneo. Porque a antipoesia deixou de ser uma quimera dialéctica. Materializou-se, em tempo desportivo tornou-se sistema, dispõe até de fundamentos metafísicos em caso de necessidade.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral
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