Avançar para o conteúdo principal

A cabeça de um condenado

É praticamente no início da narrativa. Um misterioso personagem dos Contos Cruéis, de Villiers de L’Isle Adam, decide chamar a si mesmo Barão Saturno. A tradutora, Fernanda Barão (coincidência curiosa), remete o leitor para uma nota de rodapé onde explica os motivos que poderão estar na origem daquele nome. É a nota 44: Depois de As Flores do Mal, os Poemas Saturnianos de Verlaine («Jette ce livre saturnien…»), transformaram, de certo modo, em moda o signo maldito de Saturno. No primeiro capítulo de Claire Lenoir [novela de Villiers de L’Isle Adam], Bonhomet define-se a si próprio como um saturniano. 
E agora a parte que mais me interessa e que é uma homenagem à imaginação dos tradutores: Para um visionário como Villiers, além disso atraído pelas curiosidades da astronomia, o planeta Saturno, com a sua esfera prisioneira de um anel, podia evocar a cabeça de um condenado decapitado pela guilhotina.
Mais à frente, o leitor percebe que o Barão era um «executor de sentenças finais», ou seja, um carrasco, e que tinha escolhido esse ofício por gosto e capricho.

Comentários