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Ah, as laranjas.

De alguma forma parece um paradoxo: um inverno tão seco e por todo o lado, nos quintais mais pequenos, principalmente nos subúrbios, as árvores carregadas de laranjas, tangerinas, tangeras e limões. Nos mercados, os citrinos a menos de um euro o quilo. A vizinha que me deixa laranjas à porta (ninguém as quer). Quase dá para acreditar, como em Cioran ou nas tragédias gregas, num deus trocista, e ácido.

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