Avançar para o conteúdo principal

Depois do fim dos contos de fadas

(...) Tendo em conta que vários escritores e personagens literárias tiveram profissões semelhantes, vamos chamar-lhe R. W. 

(...) será que R. W. só conseguia escrever disfarçando que estava a escrever, enganando-se a si mesmo e à linguagem, a ponto de nem a linguagem nem ele já acreditarem que escrevia?

(...) Com esta solução, talvez também R. W. estivesse a empurrar o sentido para longe, em vez de o tornar explícito. Talvez temesse ou desprezasse o sentido. Sentir-se-ia mais próximo das coisas sem sentido ou condenado a elas? Só sabemos que já não queria copiar nem passar coisas a limpo. R. W. não servia para o que os outros queriam — e «aquilo que os outros querem» é uma boa definição de «sentido». 

(...) Walter Benjamin — chamemos-lhe W. B. — comparou as personagens de R. W. com as figuras dos contos de fadas, porém depois do fim dos contos de fadas: já passaram por todas as metamorfoses e todos os sofrimentos e percursos que tiveram de cumprir dentro da lógica dos contos de fadas, mas curaram-se entretanto. 

Comentários

Alexandra disse…
Maravilhosa, ui! :)
Mas saudades de R.W.
c disse…
Claro que sim, maravilhosa (coleciono os teus textos).

Saudades, vossas.

Conheço um sítio novo que vos quero mostrar ;)
Alexandra disse…
Vamos lá ver se o mundo não acaba antes, mas, se tudo correr bem, já não falta muito para irmos aí.