Das mais de mil páginas dos Cadernos, pode-se fazer uma série de antologias: sobre filosofia, música, doenças, geografia, clima, etc. — o que se quiser. A mais polémica seria, sem dúvida, sobre escritores e literatura (mais sobre escritores do que literatura, suspeito). Cioran nem sempre é justo nas diatribes, mas tem uma linguagem viva e pulverizadora e isso é tão raro de encontrar que merece muitos aplausos.
Exemplo Gottfried Benn (três entradas):
Li os primeiros poemas de Gottfried Benn: Morgue — em certos momentos é exatamente assim que vejo a vida . Mas que prazer saber que outros experimentaram e imaginaram os mesmos horrores que nós! Benn falava como um médico; a sua visão, por terrível que seja, é normal e, até certo ponto, sã. Ah, imaginar as imundícies da carne sem necessidade exterior, por simples impulso mórbido!
Gottfried Benn — um poeta bastante grande com traços de cançonetista macabro.
Li as cartas de Gottfried Benn a mulheres com o mais vivo interesse. Que mudança em relação a Rilke!
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