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1.000 francos por mês

Uma das características essenciais do trabalho de Cioran é a precariedade. Primeiro existencial, pois apercebeu-se desde o princípio da extrema fragilidade e incerteza da vida. Mas também e sempre material: viveu muitos anos em hotéis baratos, comeu na cantina da Sorbonne enquanto o deixaram, e pouco tinha de seu. Aliás, não gostava sequer da ideia da posse (A posse faz-me sofrer mais do que a miséria) e não tinha jeito para se sustentar. 

Numa anotação feita nos últimos meses de 1967 nos seus Cadernos, Cioran escreveu que quando um velho amigo lhe perguntou quanto é que ganhava por mês teve vergonha de dizer a verdade — teria causado mal estar. Por isso mentiu e disse que ganhava mais ou menos 1.000 francos. Pareceu pouco ao amigo. — Ah, se ele soubesse!

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