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Othon, de Huillet-Straub

O que há de mais sólido no mundo são as palavras. Creio que também é isso que Othon prova. As palavras são feitas de um material próprio, cujo segredo os próprios físicos ignoram. Os carros continuarão a circular em Roma até serem substituídos por outra coisa qualquer. Os regimes cairão em silêncio ou com estrondo, e outros surgirão em seu lugar. O tempo continuará a produzir ruínas. Mas aqueles personagens permanecerão ali, onde sempre estiveram, a dizer aquelas palavras, até não restar mais nada.

Comentários

bo anoite disse…
perdão: mas é que esqueces que as palavras são ruínas
boanoite disse…
com licença, mais uma vez:
lembro também a epígrafe do Urubuquaquá do Guimarães:

O melhor, sem dúvida, é escutar Platão: é preciso — diz ele — que haja no universo um sólido que seja resistente; é por isso que a Terra está situada no centro, como uma ponte sobre o abismo; ela oferece um solo firme a quem sobre ela caminha, e os animais que estão em sua superfície dela tiram necessariamente uma solidez semelhante à sua

daí tiramos que a coisa mais sólida no mundo é o próprio mundo. Creio que o Straub e a Huillet gostariam assim...
c disse…
É um paradoxo, parece-me que estão os dois certos.

As palavras são o que há de mais sólido e também ruínas.