O que há de mais sólido no mundo são as palavras. Creio que também é isso que Othon prova. As palavras são feitas de um material próprio, cujo segredo os próprios físicos ignoram. Os carros continuarão a circular em Roma até serem substituídos por outra coisa qualquer. Os regimes cairão em silêncio ou com estrondo, e outros surgirão em seu lugar. O tempo continuará a produzir ruínas. Mas aqueles personagens permanecerão ali, onde sempre estiveram, a dizer aquelas palavras, até não restar mais nada.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral
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lembro também a epígrafe do Urubuquaquá do Guimarães:
O melhor, sem dúvida, é escutar Platão: é preciso — diz ele — que haja no universo um sólido que seja resistente; é por isso que a Terra está situada no centro, como uma ponte sobre o abismo; ela oferece um solo firme a quem sobre ela caminha, e os animais que estão em sua superfície dela tiram necessariamente uma solidez semelhante à sua
daí tiramos que a coisa mais sólida no mundo é o próprio mundo. Creio que o Straub e a Huillet gostariam assim...
As palavras são o que há de mais sólido e também ruínas.